A necessidade de um debate sobre os aspectos éticos ligados à inteligência artificial torna-se cada vez mais imperativa: é o que garante que possamos evitar aqueles ‘futuros distópicos’ sobre os quais a ficção científica adverte. Essa consideração torna-se ainda mais especial quando a IA é aplicada ao setor de saúde.
Sobre esse tema falou Sandra Pitta, pesquisadora do Conicet, durante o evento ChatGPT: cenários possíveis como ferramenta de inovação nos negócios, onde compartilhou painel com Juan V. Echagüe, diretor de pesquisa e desenvolvimento na Practia.
Partindo da disjuntiva “o futuro é maravilhoso ou aterrorizante?” e centrando-se no universo healtchare, Pitta destacou que há pouca probabilidade de que os pacientes aceitem relações médicas humano-máquina, pois os robôs não propiciam ambientes empáticos e compassivos que fazem parte do processo de cura.
Uma governança correta
Ainda assim, a IA avança sobre essa indústria, o que motiva a necessidade de estabelecer certos tipos de governança para que as interações com os algoritmos ocorram em um ambiente regulado.
Entre outras coisas, é importante estabelecer uma abordagem holística que inclua advogados, especialistas em ética, médicos, farmacêuticos, matemáticos, cientistas e até mesmo pacientes reais, para entender a verdadeira dimensão do desafio e gerar respostas adequadas.
É fundamental que a incorporação de IA respeite, acima de tudo, os direitos fundamentais dos pacientes: que conheçam todo o processo envolvido em seu tratamento, a privacidade dos dados e o controle de acesso, o cuidado de sua informação genética, que tenham a possibilidade de recusar um tratamento e conhecer o responsável humano caso um dispositivo médico baseado em IA falhe.
Controle de expectativas
Pitta destaca também a importância de ser honesto com pacientes e famílias em relação ao que podem esperar dessas tecnologias: um ajuste adequado de expectativas.
Enquanto isso, deve-se avançar nos principais desafios impostos por essa nova realidade: garantir que os robôs com informação médica sejam ciberseguros, evitar a confiança extrema em sistemas de design de fármacos para que não surjam moléculas tóxicas por design ou definir novos limites jurídicos. Também se a IA terminará substituindo o diagnóstico médico e se os pacientes estão dispostos a confiar nos diagnósticos das máquinas.
“Como se pode responsabilizar uma máquina autônoma por suas decisões em relação à ética normativa, ética aplicada e metaética? Como podemos ensinar a máquina a excluir ou rejeitar soluções desumanas para combater uma doença?”, questiona a especialista.
As oportunidades são enormes, desde o desenvolvimento de estratégias de medicina preventiva até um design mais eficaz de medicamentos, mas os desafios são igualmente grandes: como sociedade, devemos ser muito inteligentes para incorporar a IA na saúde e fazê-la atuar em benefício da humanidade.
Como você vê este debate sobre os aspectos éticos ligados à inteligência artificial? Entre em contato conosco clicando aqui e saiba mais sobre nós em nossas redes LinkedIn e Instagram.



